03 março, 2006

Pela Quaresma

in A FOLHA DOS VALENTES - Nº 349 > Março 2006
Rubrica: Sal da Terra
> Texto: Paulo Rocha

Os textos moralistas são os que mais me custam ler; ouvir discursos nesse tom, só a muito custo… Desconfio, no entanto que, nestas linhas, acabarei por cair mesmo aí (onde menos quereria).

O diálogo com crianças e adolescentes tem que ser acima de tudo transparente e de proposta firme. Não adianta juntar todos os argumentos ou explicações mais ou menos racionais para levar a melhor diante de uma birra ou para motivar o cumprimento de direitos ou deveres (até porque “os demasiados argumentos cansam a verdade”). Há que ser transparente e firme nas posições assumidas, coerentemente assumidas! E sempre em benefício da criança ou adolescente, nunca do comodismo do educador que está diante de quem é aparentemente débil.

Vem esta conversa a propósito do tempo da Quaresma e da proposta de conversão pessoal e da comunidade.

É quando se repetem apelos a essa conversão que o discurso moralista ganha relevo crescente. Serve tudo para motivar à mudança de vida, ao arrependimento… Óptimo!

Mas interrogo-me: porque razão não apresentar, com transparência e simplicidade totais, o Modelo, o Jesus Cristo que viveu como nós, que conheceu circunstâncias temporais, que passou por diferentes situações e a partir delas soube apresentar uma proposta diferente para a vida? Será que alguém, depois de conhecer e de “experimentar” Jesus precisa de apelos à conversão? Não creio: a exigência de conversão é do interior da pessoa que fez essa experiência, é motivada pelo desejo assumido de querer ser como o Modelo. Mas sem o conhecer é impossível querer ser como Ele.

Em tempo de Quaresma, parece ser fundamental apresentar Jesus, por discursos, por textos, mas sobretudo pela vida de todos os dias. Será aí que qualquer outro encontra a possibilidade de também O descobrir e querer viver como Ele.

Como quando estamos diante de uma criança, não adianta levantar a voz, ser ameaçador ou reunir razões racionais ou sentimentais. Interessa antes mostrar, coerentemente, uma forma diferente de viver, inspirada n’Aquele que, há 2000 anos, também ousou viver diferente e de acordo com uma lógica que não era deste mundo: Jesus chamou-lhe Reino de Deus.

> comentários efectuados:

No dia 21 julho, 2006, Anonymous Anónimo escreveu esta mensagem...

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