11 junho, 2006

Verão: tempo de festa

in A FOLHA DOS VALENTES - Nº 352 > Junho 2006
Rubrica: Primeiro Plano
> Texto: Paulo Cruz

O Verão está aí, e com ele chegaram os dias compridos, o calor, a cor… a festa.
É, sem dúvida, uma estação festiva. A natureza, o ambiente predispõem-nos para tal. Deixamos as cores escuras, sombrias e pesadas no armário e vestimo-nos com cores alegres, vivas e brilhantes. É a exteriorização do que interiormente vai sendo assumido. Não se trata apenas de uma mudança de aspecto ou de aparência, mas de disposição interior.
Tudo em nosso redor parece incentivar-nos à alegria, ao colorido, à festa.
Abandonamos o calor da lareira, o aconchego do sofá e procuramos o convívio na rua em conversas pela noite dentro, nos locais públicos, nas esplanadas, na praia, no campo, na aldeia, na cidade… É sem dúvida, o “abrir-nos” ao mundo, ao exterior, à partilha, aos outros. Parece que o exterior nos suga para o seu interior, faz-nos deixar a inércia da nossa “hibernação” e desperta-nos para a actividade.
Facilmente aparecem motivos para festejar. E para haver festa não é necessário muitas pessoas ou muito “som”, basta que exista alegria interior. E o Verão é uma estação que estimula, e facilmente encontrarmos motivos de alegria.
É nesta altura que grande parte dos planos de um ano lectivo e/ou de trabalho se concretizam: são as férias, há tanto ansiadas (e merecidas); são os resultados de um ano lectivo; são as actividades outrora adiadas por condições climatéricas ou falta de tempo; são as visitas à família, aos amigos, àquele sítio que passamos um ano a dizer que lá íamos no fim-de-semana; e tudo isto são motivos para festejar.
As pessoas nutrem uma atitude muito peculiar. Com o Verão as festas despontam como cogumelos: são as queimas das fitas (a maior e mais memorável festa universitária), são as festas populares (qual a terra que não tem um santo padroeiro que motiva uma procissão e uma festa mais ou menos profana?), são os piqueniques, as idas à praia (tão intrínsecas nos portugueses), as primeiras comunhões, as comunhões solenes, os casa-mentos, os grandes aconteci-mentos desportivos (como o Mundial de Futebol), o regresso dos imigrantes às suas raízes… E as festas multiplicam-se numa lista infindável onde cada um tem o “seu” motivo para festejar.
Uma festa tem de ser saudável. Saudável para o corpo, para a alma e sobretudo para o Ser. Será que é este o espírito das “festas” que frequentamos e proporcionamos?
A vida não pára e não podemos ser como a cigarra que passa o Verão a cantar, mas também não devemos ser como a formiga incansável (porque de facto não o somos e precisamos de vida social). Temos que pensar bem no tempo que dispomos e ter consciência que o tempo que passamos, a cada segundo, não nos é devolvido. Daí a responsabilidade de aproveitar cada segundo para construir uma vida alegre, onde o equilíbrio reine e existam sempre motivos para olhar para a vida como uma festa, porque Deus criou-nos para sermos felizes e fazer os outros felizes.

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